Autor: CASTELO BRANCO. (Camilo)
Idioma: Português / Portuguese
A propósito dos Apontamentos para a história da Revolução do Minho em 1846, publicados recentemente pelo Reverendo Padre Casimiro, celebrado chefe da insurreição popular. Livraria Civilização de Eduardo da Costa Santos - Editor. Porto. 1885. De 19,3x12,3 cm. Com 425, [vii] págs. Brochado. Exemplar com reforço de tecido na lombada, com as capas de brochura coladas, fortes danos de manuseamento e folhas soltas. Primeira edição rara. Obra camiliana autobiográfica em que o autor relembra a sua participação na revolta da Maria da Fonte e na Guerra Civil da Patuleia que se lhe seguiu e ataca de forma violenta o Padre Casimiro. Camilo escreveu esta obra após saber, por intermédio do P. Sena de Freitas, que o Padre Casimiro estava vivo e tinha um livro de memórias para publicar. Camilo leu o livro antes de ser publicado, supostamente para obter dados para escrever a Brasileira de Prazins . Apesar da grande admiração do Padre Casimiro por Camilo, este, usando de uma ironia feroz, que torna a obra estilisticamente admirável, rebaixa o Padre de uma forma, criticada por muitos estudiosos. A Revolução da Maria da Fonte, também conhecida como Revolta do Minho, foi uma sublevação popular em 1846 contra o governo de Costa Cabral, impulsionada por descontentamento com recrutamento militar, impostos e a proibição de enterros em igrejas. Os motins iniciaram-se na Póvoa de Lanhoso, liderados por mulheres, e propagaram-se pelo norte, com destaque para a figura de Maria Angelina, a possível «Maria da Fonte». A revolta evoluiu para um movimento político com guerrilhas lideradas por elites locais e padres, o mais célebre dos quais o padre Casimiro José Vieira, focando-se em reformas administrativas e fiscais, e culminando na queda do governo de Costa Cabral. A instabilidade persistiu, levando à guerra civil da Patuleia, que terminou com a Convenção de Gramido e intervenção militar estrangeira. P. Casimiro José Vieira (Vieira do Minho, 1817 Felgueiras, 1895) foi um sacerdote católico, conhecido por ter sido líder na Revolução da Maria da Fonte. Partidário da restauração absolutista e autoproclamado defensor das cinco chagas e general comandante das forças populares do Minho e Trás-os-Montes, liderou guerrilhas, mas foi considerado com pouca capacidade política. Após a guerra viveu escondido durante algum tempo, acabando por passar o resto da sua vida no Monte de Santa Quitéria em Felgueiras. Publicou um relato da revolta, e foi criticado por Camilo Castelo Branco. Ref.: Assembleia da República - A Revolta da Maria da Fonte (1846) [em linha] António dos Reis Ribeiro - O Padre Casimiro e Camilo. Editorial Enciclopédia. Lisboa. 1936. Henrique Marques - Bibliographia Camilliana. Lisboa. 1894, n.º 1884.