Autor: FIALHO DE ALMEIDA. (José Valentim)
Idioma: Português / Portuguese
Publicação mensal, dinquerito á vida portugueza. [Por] Fialho dAlmeida. N.º 1 - Agosto de 1889. Casa Editora Alcino Aranha & C.ª Porto. 1889-1893 [1894]. 57 Números encadernados em 6 volumes de 17,5x12 cm. Com cerca de 400 págs. por volume com várias numerações. Encadernações do editor em tela vermelha com ornatos gravados a preto e a ouro nas pastas e na lombada, incluindo a marca editorial de Alcino Aranha em medalhão circular na pasta posterior. Inclui ornatos tipográficos e vinhetas decorativas, nomeadamente na introdução do primeiro número, onde consta a célebre declaração programática: «Deus fez o homem á sua imagem e semelhança, e fez o critico á semelhança do gato». As primeiras páginas de alguns números incluem uma vinheta representando as iniciais «AA» entrelaçadas da Casa Editora. Exemplar com assinatura de posse nas primeiras folhas de cada volume. O miolo do primeiro volume encontra-se em vias de se soltar. Primeira edição desta famosa publicação periódica, considerada a obra-prima de Fialho de Almeida e uma das mais importantes na história da imprensa crítica portuguesa. A coleção completa de 57 números número 1 (agosto de 1889) a número 54 (27 de junho de 1893), seguidos da 2.ª série com 3 números (10 de agosto de 1893 a 25 de janeiro de 1894) constitui um testemunho inestimável da vida social, política e cultural portuguesa durante a crise finissecular da monarquia constitucional, período marcado pelo Ultimatum Inglês (1890), pela agitação republicana crescente e pelas tensões sociais que culminariam na implantação da República (1910). Lista de números por volume:
- Volume I: N.os 1-4 (1889)
- Volume II: N.os 5-14 (1889-1890)
- Volume III: N.os 15-24 (1890-1891)
- Volume IV: N.os 25-34 (1891-1892)
- Volume V: N.os 35-44 (1892-1893)
- Volume VI: N.os 45-54 + 3 números sem folha de rosto (1893-1894) A obra surge no contexto do renascimento da crítica social portuguesa, inspirada pelo modelo d'«As Farpas» de Eça de Queirós e Ramalho Ortigão (1871-1882), mas com um registo mais pessimista e corrosivo. Fialho desenvolve um programa de «inquerito á vida portugueza» através de crónicas que evoluíram de periodicidade mensal (agosto de 1889-junho de 1890) para semanal (julho de 1890-abril de 1892) e depois quinzenal (junho de 1892-junho de 1893), refletindo tanto o sucesso como as dificuldades de sustentação editorial da empresa, ao longo de quase cinco anos de publicação ininterrupta. O lema da publicação, «Miando pouco, arranhando sempre, e não temendo nunca», resume o espírito da obra: uma crítica feroz aos costumes, à política, à literatura e à sociedade da época, usando a metáfora felina para caracterizar a atitude do crítico. Os «Gatos» abordavam temas tão diversos como a política, a tauromaquia, o teatro, as artes decorativas, o ensino, o regicídio, a condição feminina e o desenvolvimento urbano. A Casa Editora Alcino Aranha & C.ª, com sede na Rua do Bomjardim, 95 (Porto) e filial na Rua dos Retrozeiros, 75 (Lisboa), era uma das principais editoras portuguesas do período, especializada em literatura contemporânea e publicações periódicas, e foi responsável pela edição da primeira série. A segunda série da publicação, com apenas três números publicados, marca o declínio do projeto editorial, que coincide com o período de maior instabilidade política da monarquia. Confere especial relevância histórica aos últimos textos de Fialho, constituindo simultaneamente o culminar e o encerramento de um dos mais importantes empreendimentos jornalísticos da literatura portuguesa da última década do século XIX. Não apresentam folha de rosto nem local ou data de publicação, mas, segundo a Biblioteca Complutense de Madrid foram publicados entre agosto de 1893 e janeiro de 1894. Alguns leiloeiros portugueses atribuem a publicação como sendo da Livraria Académica F. Chagas, Lisboa, informação que carece de confirmação em fontes primárias. José Valentim Fialho de Almeida (Vila de Frades, 1857 Cuba, 1911) foi jornalista, escritor e tradutor, licenciado em Medicina, embora nunca tenha exercido a profissão. Figura central da literatura finissecular portuguesa, destacou-se pela prosa corrosiva e pelo espírito crítico, tendo colaborado em diversos periódicos como «Novidades», «O Repórter» e «Correio da Manhã». Autor de obras como «Contos» (1881), «A Cidade do Vício» (1882), «Lisboa Galante» (1890) e «O País das Uvas» (1893), Fialho representou uma tendência naturalista e pessimista na literatura portuguesa, opondo-se aos idealismos românticos e aos otimismos regeneradores. A sua obra reflete uma visão desencantada da sociedade portuguesa. Ref.: BNP - J. 1639 B. [e outras cotas - H.G. 11089 V., F.R. 1492, RES. 5065-5071 P.]
Internet Archive, University of Toronto OCLC: (OCoLC) 976670787
HathiTrust Digital Library, University of Michigan, oclc/9803315 [não inclui o último número da segunda série]
Universidad Complutense de Madrid, oclc/607386276 [regista 2.ª série: n.os 1-3, 1893-1894].
Palácio do Correio Velho, Leilão Online 1998
Biblioteca
Dr. Américo da Silva Prates